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Sou baiana- Irecê-Ba, Tocantinense de coração. Palmas-TO, Brazil
Como diria Fernando Pessoa: "...Eu não tenho filosofia, tenho sentidos... e falo na Natureza, não é porque saiba o que ela é, mas porque a amo, e amo-a por isso, porque quem ama nunca sabe o que ama nem sabe porque ama, nem o que é amar...amar é a eterna inocência, e a única inocência é não pensar..."

sábado, 7 de agosto de 2010

“PÃE” crê em destino para não pensar que tudo foi um erro compartilhado.


Minha homenagem de carinho a todos os pais. Hoje é dia de celebrar a vida que se prolonga por meio dos filhos. Dia de comemorar o sêmen gerador. Também é dia de homenagear as mulheres que são pai e mãe. As que, sem tirar o lugar do pai, assumiram e levam adiante o propósito que ele tinha em relação aos filhos; as mulheres que ficaram sós nessa missão. Feliz Dia dos Pais. Feliz Dia dos “Pães”.


FELIZ DIA DOS “PÃES”

Não existe uma data para homenagear os “pães”, pessoas que, a um só tempo, são pai e mãe. Entretanto, exatamente por não existir a data, há o direito de celebrar seu dia duas vezes por ano, quando todos lembram das qualidades dos homens que são pais e das virtudes das mulheres que são mães de rebentos de todas as idades. “Pãe” que sou, quero dos meus filhos beijos e abraços sempre dobrados para fortalecer a força masculina e para nutrir a energia feminina que coexistem em mim, como em muitas famílias que a vida moldou sem um dos seus pedaços.
Ser “pãe” é como vestir a roupa dos dois lados para melhor aproveitá-la. Mesmo com a alma pelo avesso, a gente precisa estar do lado certo quando se trata de assumir riscos de escolhas que não são apenas nossas, mas de uma família que concentra sua direção num único ser. É uma pessoa que precisa aprender a fazer escolhas que sejam as melhores, mesmo sem certezas, mas com confiança inabalável.
Pãe” é o homem que, vivendo sozinho, usa a aguçada sensibilidade feminina para orientar os filhos com doce firmeza de mãe, consciente do equilíbrio entre a vontade de permitir e a necessidade de reprimir, quando é preciso. É a mulher sem par, que administra atributos masculinos sem perder a graça feminina, e aprende a ser forte sem deixar de ser gentil com meninos que crescem rápido e com meninas que aprendem logo a não serem pequenas para sempre.
Pãe” é a pessoa que perde a parceria e assume sozinha a rota da existência da família. Sendo homem, decifra os enigmas da feminilidade para agir como uma mulher o faria, sem comprometer a própria masculinidade. Sendo mulher, assume a condição de ser como homem, sem perder a essência feminina. Dividem-se, ambos, nas metades que perderam para ampliar o que são.
Pãe” é, geralmente, uma imposição, não uma escolha. Quando percebe, os laços se romperam e a pessoa está só, com tudo em volta pedindo amparo, seja louça para lavar, filhos para criar, carinho para espalhar ou a exigência de repartir aquilo que nem sempre tem. Tira da boca o pão que alimenta os filhos e não se importa com a própria fome, que passa como a vida em meio a dias de solidão lenta e profunda, deixando marcas das dores, embora elas se acomodem. E se mantém viva, mesmo com escasso alimento e pouco prazer.
Quem é “pãe” tem dois sexos sem ser hermafrodita.
É homem nas horas em que o corpo exige forças grandes, para carregar pesos que, às vezes, a alma parece não suportar. Para erguer muros que protejam os filhos e sirvam de abrigo quando o perigo de não ser forte o bastante ameaça o seu viver. Para descobrir cavernas no meio da mata da existência, onde rugem feras e medos, angústias que demoram a passar. Para construir pontes entre o ontem e o agora, o que já passou e o que ainda há para viver. Para construir pessoas que vivem sob o seu braço rijo, mas pronto para um abraço largo.
É mulher que dança entre dificuldades e desassossegos sem perder o riso. Que tece a vida da família como fiandeira experiente, sem perder a expectativa de donzela sonhadora. Faz pratos doces quando a vida está salgada. Acaricia com o coração nas mãos. Tem a delicadeza e a astúcia combinadas com intuição, que é um saber muito mais fundo e belo do que todas as certezas.
Pãe” é um sacrifício e um exercício, pois se precisa largar de lado o que se é para ser o que não se aprendeu direito, para fazer o que não se sabe, para resolver o que não se teve treino, para realizar o que não estava na vocação, para acolher o que o destino colocou nas mãos.
E “pãe” crê em destino para não pensar que tudo foi um erro compartilhado. Prefere pensar que tudo estava traçado. Assim, dói menos. Mas quem é “pãe” sempre confia que um dia a dor vai passar e que a vida vai ser melhor, porque tem alma de guerreira e esperança de curandeiro. É municiada de coragem que se faz energia para espantar o medo da luta. É dotada da fé que faz acreditar no amanhã mais bonito, depois da dificuldade. É animada pela confiança de que haverá um tempo sem idade, quando poderá fazer o que não teve tempo nem vontade. “Pãe” é um ser humano nutrido pela vontade de ser feliz por completo, fortalecido e embalado pelo sonho de encontrar outra metade para não precisar mais ser dois, sendo sozinho.

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